Você lê rótulos?

O verso dos produtos traz diversas informações importantes, porém geralmente em letras pequenas. Aprenda a importância de dedicar alguns minutos ao rótulo de cada alimento antes de colocá-lo no carrinho do supermercado

As embalagens dos alimentos industrializados tendem a ser coloridas e atrativas, com desenho de frutas vibrantes em muitos dos casos. No entanto, aquele suco de morango que parece tão saudável pode ser uma verdadeira armadilha para a saúde – a começar pelo fato de que muitos sequer têm frutas de verdade, sendo recheados de aromatizantes e corantes. Foi pensando nesse desconhecimento de alguns consumidores que a nutricionista Samantha Peixoto, em parceria com Carolina C. Silva e Gustavo Grehs, criou o blog Fechando o Zíper – Faça escolhas mais saudáveis (fechandoziper.com). A ideia dos três surgiu após a indignação diante de uma propaganda de maionese que afirmava ser tão saudável quanto o azeite de oliva, o que não corresponde à realidade dos fatos.

“O problema é que existe toda uma publicidade por trás da indústria de alimentos, fazendo com que muitas pessoas vejam um produto como ‘saudável’, quando na verdade ele pode apresentar muitos aditivos alimentares e ingredientes dispensáveis para a nossa saúde”, comenta Samantha, enfatizando que o consumidor deve se atentar às letras pequeninas no verso da embalagem e evitar ler apenas as palavras grandes e bonitas da frente. “Existem inúmeros produtos industrializados com ótimas características, basta saber como encontrá-los. Para isso, deve-se inevitavelmente ler as letras miúdas. Isso é fundamental para uma alimentação saudável”, afirma.

Mas... onde estão estas letras?

De acordo com a nutricionista, o primeiro passo é olhar a porção indicada na tabela nutricional – aquele quadro que informa a quantidade de carboidrato, proteína, gordura total e saturada, fibra alimentar e sódio. De nada vale ver que 30 gramas do produto têm pouco sódio, se o pacote inteiro de 150 gramas, por exemplo, será consumido todo de uma vez. Depois disso, vem o momento de analisar cada um dos itens listados.

O consumidor deve ler todas as informações em vez de olhar apenas a quantidade de calorias, pois valor nutricional é diferente de valor energético. É fácil entender o que isso significa. Segundo a especialista, alguns alimentos têm poucas calorias, porém quase nada de valor nutricional em relação à fibras e vitaminas. O contrário também acontece. Alimentos com alta densidade energética, ou seja, mais calóricos, contudo fartos em vitaminas e gorduras boas. Por último, o símbolo “%VD” refere-se ao percentual de valores diários e indica a quantidade de nutriente que o produto traz em relação a uma dieta média de 2.000 kcal. Essa informação ajuda o consumidor a entender se a quantidade de sódio ou fibra, por exemplo, é grande ou pequena naquela porção.

Essas são as três etapas da leitura da tabela nutricional – porção, nutrientes e valor diário –, porém tão importante quanto analisar esses dados é ler a lista dos ingredientes. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), eles aparecem na ordem decrescente de quantidade. “Não adianta comprar um alimento que se diz muito saudável, e o açúcar refinado ser o ingrediente principal”, esclarece Samantha. Outro caso famoso são os integrais, mas que possuem a farinha de trigo refinada como o ingrediente em maior quantidade. A boa notícia é que nenhuma comida ou bebida é vilã por si só. “O problema é o desequilíbrio na alimentação no longo prazo. Por isso devemos priorizar os alimentos mais naturais e deixar os mais ‘artificiais’ para consumo ocasional e em quantidades moderadas”, completa. Como tudo na vida, equilíbrio é a chave do sucesso.